Igualdade de oportunidades entre homens e mulheres: reflectir para transformar



No âmbito do curso de formação de formadores em igualdade de género, decorrido em Castro Daire entre o período de 1 de Abril e 30 de Maio de 2009, promovido pelo NIC - Núcleo de Intervenção Comunitária, com o apoio do Estado Português e Fundo Social Europeu, ao abrigo do POPH, Eixo 7- Igualdade de Género, Tipologia de Intervenção 7.4. - Apoio a Projectos de Formação para Públicos Estratégicos, resulta o presente artigo. O mesmo terá como finalidade alertar a comunidade para a necessidade de uma reflexão sobre a temática da igualdade de oportunidades entre mulheres e homens:
Tradicionalmente, as tarefas domésticas sempre estiveram associadas à figura feminina, enquanto o trabalho remunerado estava confinado apenas ao homem. Contudo, após a revolução industrial houve a necessidade de um aumento de mão-de-obra e por conseguinte, a entrada da mulher no mercado de trabalho. Esta transformação social levou a uma acumulação e sobreposição de tarefas por parte da mulher – dupla jornada de trabalho. Apesar de nos últimos tempos existirem indicadores de mudança, com a maior participação do homem nas tarefas privadas, a realidade actual não é a que igualitariamente se deseja. Ainda é típico nos dias de hoje a personagem “Luísa” do poema “Calçada de Carriche”, de António Gedeão: “( …) Saiu de casa de madrugada/ regressa a casa é já noite fechada. (…) / Chegou a casa, não disse nada / Pegou na filha, deu-lhe a mamada / bebeu a sopa numa golada / lavou a loiça, varreu a escada”.
Atentando à esfera laboral e, apesar da legislação portuguesa prever a igualdade de oportunidades no acesso ao mercado de trabalho e a cargos de chefia/liderança, na progressão na carreira e na luta contra o despedimento injustificado, ainda é frequente encontrarmos situações de discriminação de género. Isto verifica-se, por exemplo, em situações de gravidez, desigualdades salariais nas mesmas funções e no apoio a idosos, crianças e/ou outras pessoas com necessidades especiais, onde a mulher é frequentemente prejudicada.
A educação é um argumento poderoso, se bem utilizado, na inversão das desigualdades ainda existentes no acesso às oportunidades entre mulher e homem. E começa logo na família. É neste contexto que a criança aprende as primeiras mensagens sobre o género, não só por aquilo que o pai e a mãe dizem, mas também pela forma como se comportam no dia-a-dia. A investigação tem mostrado que pais e mães educam rapazes e raparigas de maneira diferente, o que traz implicações no seu desenvolvimento afectivo, psicológico e social. Tal facto condiciona os papéis que se desempenham nas várias esferas de acção e ao longo da vida. Assim sendo, é urgente definir políticas e estratégias, onde a educação de pais e mães esteja contemplada, de forma a assegurar o respeito pelos princípios da igualdade de oportunidades.
Os média também desempenham um papel fundamental nesta questão social. Na actualidade, os meios de comunicação não se cingem somente à televisão (ex. publicidade, filmes, desenhos animados…), diversificando-se através da internet (ex. hi5, messenger, blogs, e-mails, myspace, sites informativos…), telemóvel, rádio, jornais e revistas. Existirá igualdade de género na mensagem passada pelos meios de comunicação? Ou a desigualdade por vezes peneira-nos os olhos porque muitos de nós já estamos “cegos”?
Quando observamos publicidade é normativo associarmos a mulher a tarefas domésticas, produtos de beleza, mulher-mãe, estereótipos de beleza exagerada, enquanto a figura masculina é retratada de uma forma mais prazerosa e divertida (ex. publicidade a marcas de bebidas alcoólicas; desporto; marcas de carros…). Será que esta desigualdade terá um atenuar evidenciado ou os novos meios de comunicação aumentarão essa mesma desigualdade? Um simples “a” ou “o” faz toda a diferença, ou de uma forma universalizada o @! A publicidade nos meios de comunicação reflecte uma realidade para o receptor. Esta é enfeitiçadora e memorável, sendo que numa cena que dura apenas alguns segundos, poderá ser recordada a longo prazo, mais do que qualquer acontecimento histórico. A publicidade possui uma mensagem muito contagiosa e produz frequentemente um efeito directo. Teremos de ter em atenção que a transmissão da mensagem é dirigida a um público-alvo. Contudo, não deverá ser por essa situação que se justifica serem estereotipadas.
Na internet, nomeadamente nos blogs já existe uma elevada preocupação em mencionar e retratar a igualdade de género. Esperamos que com estes meios de comunicação mais actuais, possamos observar um mundo mais igualitário no que se refere ao género!
Antes de finalizar, apenas uma breve referência à situação vergonhosa para a humanidade, que é a violência de género. Esta expressa-se de várias formas: violência física, psicológica, verbal, sexual, infantil, doméstica... Assim, a violência doméstica é a
violência, explícita ou velada, praticada dentro de casa, usualmente entre marido e mulher. Inclui diversas práticas, como a violência e o abuso sexual contra as crianças, violência contra a mulher e contra o homem, maus-tratos contra idosos, e a violência sexual contra a/o parceira/o.
A igualdade de oportunidades entre homens e mulheres constitui um princípio basilar de uma sociedade mais justa e evoluída, livre de situações de discriminação, preconceito e violência.

Pelo grupo de formand@s:
Bárbara Gama, Dora Loureiro, Isabel Soares, Jorge Soares, Judite Amaral, Salomé Pereira, Marlene Rocha, Olga Andrade, Sofia Soares, Tânia Martinho, Vera Marinho, Vitor Figueiredo